Marionetas da Europa

A Europa possui uma personagem muito curiosa: o enérgico, irreverente e popular Pulcinella, a máscara napolitana que, ao mover-se e expandir-se de cidade em cidade ao longo dos séculos, gerou uma família de irmãos e parentes intimamente relacionados entre si. Desde então, a generalidade dos Polichinelos manteve as suas características e identidade.

Pulcinella é o ponto de partida.
Nascido em Nápoles, durante o Renascimento, e descendente directo da Commedia dell’Arte, Pulcinella percorreu a Europa e em cada cidade sofreu transformações: tornaram-no rico ou mísero, feliz ou desgraçado; alguns colocaram-lhe um chapéu, outros retiraram-lho; exaltaram-lhe a ira, a gula ou a lascívia e todos o fizeram falar com a língua da sua cidade. Ao chegar ao mundo Otomano, uma figura de sombra substituiu-o: Karagöz, o herói do teatro de sombras turco, fala a linguagem do povo e o seu espírito irreverente é descendente de Pulcinella.

Na Europa do Polichinelo, a maioria das cidades tem uma marioneta que as representa: Nápoles tem Pulcinella, Paris tem Polichinelle; Londres tem Punch; Lyon tem o Guignol; Moscovo, Petrushka; Barcelona, Títella; Madrid, Don Cristóbal…

Em Portugal, o espírito polichinelesco encarna naquela curiosa personagem que parece ter surgido no século XIX – o Dom Roberto. Em Portugal chamam-se Robertos aos fantoches de luva e Roberto é também o protagonista da maioria das suas histórias.

João Paulo Seara Cardoso (1950-2010), que recuperou a tradição através do último dos grandes mestres (António Dias), resume a diferença entre o Teatro de D. Roberto e os seus familiares europeus à sua extrema simplicidade. A sua guarita (tenda/cenário) é a mais simples: um cubo coberto de tecido onde se esconde o manipulador, sem nenhum fundo, telas ou cenários fixos.

 

 

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