Museu da Marioneta

Embora mais antiga, a arte da marionetas atinge o seu auge e popularidade no período da última dinastia do reino da Birmânia, a dinastia Kon-baung (1752-1885), com a transferência forçada da corte tailandesa para a capital birmanesa, AVA.
A aristocracia do Sião, actual Tailândia, deslocada, favoreceu o desenvolvimento das artes da Birmânia, nomeadamente introduzindo a sua versão do épico indiano do Ramayana, o Ramakien, e com ela a sua dança, máscaras e marionetas.
O sucesso do teatro de Marionetas foi tal, que o rei Ba-gyi-daw (1819-1837) legislou detalhadamente sobre a prática desta arte ao ponto de definir o número de personagens e mesmo o tipo de madeiras a usar para a sua feitura. Um ministro encarregue de supervisionar esta arte e a sua prática foi igualmente criado.
As marionetas da Birmânia têm uma dimensão inferior a 1 m e, geralmente, ficam-se pelos 60cm, podendo no entanto ser menores.
São feitas de madeira com as partes de cada personagem feita separadamente e ligadas entre si por fios.
As marionetas são de um grande realismo no entalhe, no vestuário e ornamento, no uso de cabelo humano para as suas cabeleiras e, caso raro, o corpo de cada marioneta revela o seu sexo. Apresentam, por vezes, o corpo com tatuagens protectoras normalmente desenhadas a tinta vermelha sobre a cor branca da pela, feita a partir de casca de ovo, e uma mobilidade de braços, mãos, dedos, olhos e boca semelhante à de um pequeno ser humano. As mãos dos príncipes e princesas, de pajens e alcoviteiras chegam a ter mais de 12 ligações de modo a poderem traduzir a delicadeza dos gestos próprios das danças e da complicada etiqueta da Birmânia.
Embora cada grupo de teatro tenha as suas preferências, o número de personagens raramente excede os 30. Existem, no entanto, algumas indispensáveis, tal como o cavalo, já que o cavalo a galope é normalmente o primeiro animal a aparecer, os elefantes, um branco e outro peto, o macaco, dois ogres, o mágico, quatro ministros, o rei, o príncipe e a princesa, o brahmin, o ermita, o pajem, o palhaço, a alcoviteira.
Os espectáculos têm lugar numa estrutura feita de bambu que com um simples pano oculta os corpos de quem manipula as marionetas, o qual pode servir ainda como base de cenário com cenas palacianas ou uma floresta pintadas a cores garridas.
O número de marionetas em cena raramente excede as três e as personagens com poderes sobrenaturais e mágicos, como é o caso do alquimista, entram e saem voando, exigindo grande destreza por parte de quem os manipula.
Os espectáculos de marionetas tinham uma longa duração, muitas horas, mesmo uma noite inteira. A sua ocorrência não se reduzia ao entretenimento das pessoas, mas também desempenhavam um papel ritual em cerimónias de grande significado religioso, como era o caso da cremação de um particularmente venerado monge budista.
Para além das aventuras inspiradas nos épicos indianos, as 550 Jatakas das vidas anteriores de Buda, sobretudo as últimas 10 Jatakas são as histórias mais representadas. No contar das Jakatas, lendas locais e acontecimentos próximos são introduzidos facilitando a comunicação com as audiências.
A qualidade de cada representação depende grandemente da orquestra que acompanha as marionetas e suporta as árias, falas e narrações que dão sentido aos seus movimentos e gestos.