Museu da Marioneta

As Marionetas de Água do Vietname são feitas de madeira e tecido, pintadas com cores vivas, contrastantes, e com um brilho a lembrar o efeito de laca. Na sua construção é frequente a utilização de materiais reciclados, como pedaços de borracha de pneus, correntes de bicicleta para obter o movimento sinuosos da serpente ou do leão mitológicos, cestaria aproveitada de objectos do dia a dia.
As marionetas assentam sobre uma plataforma de madeira leve que permite e facilita flutuarem e deslizarem sobre a água.
De facto, estas marionetas são sempre manipuladas em tanques de água estando os bonecreiros imersos até à cintura e ocultos do olhar do público por uma simples cortina suspensa de uma estrutura de bambu. A sua manipulação é feita graças a hastes de bambu mais ou menos longas, ligadas por rodízios às pequenas plataformas de madeira que permitem às marionetas flutuarem. Fios correm no interior destas hastes e é a sua manipulação que lhes dá vida e movimento.
A água sobre a qual as marionetas se deslocam contribui decisivamente para individualizar esta tradição única. A magia dos Roi Nuoc é ainda reforçada pelo uso de fogo, de foguetes e fogo-de-artifício, repuxos de água, tendo por fundo um acompanhamento musical, efeitos sonoros e a narração cantada da cena, legendas ou histórias representadas.
A tradição das Marionetas de Água está associada aos rituais animistas da fertilidade e aos ciclos agrários dos campos e aldeias do delta do rio Vermelho, no norte do Vietname.
As Marionetas de Água contam-nos lendas e histórias do quotidiano dos campos do Vietname. Uma das lendas com particular impacto visual está associada à figura feminina de um antepassado mítico Au Co e convoca habitualmente a dança dita dos Imortais. Oito belas fadas com os seus longos e delicadamente articulados braços dançam como borboletas ao som da música.
As cenas do quotidiano mais frequentemente representadas convocam pescadores, homens do campo, letrados, mandarins e os seus soldados e, sobretudo, o simbolicamente sugestivo jovem tocando uma flauta sobre um búfalo, o animal doméstico dominante no imaginário, não só do Vietname como também de todas as culturas do sudeste asiático.