Sri-Lanka

O teatro de máscaras do Sri Lanka remonta aos tempos primitivos, perdendo-se a sua origem na aurora do tempo. Tem as suas raízes no complexo conjunto que dá forma à sua cultura muito própria, cuja  cosmologia resulta da mistura de crenças religiosas nativas, e os seus deuses espíritos e demónios, com as divindades, crenças e práticas do hinduísmo e do budismo.
Neste quadro espiritual existe uma estreita relação entre o mundo terreno e o mundo sobrenatural, onde Buda reina, supremo, mas onde estão igualmente presentes os demónios, que interferem directamente no quotidiano dos homens, como os Yakku e os Rakshas. Estes últimos são considerados uma espécie superior aos demónios e, segundo a lenda, seriam os habitantes originais da ilha de Lanka, governados pelo rei Ravana, que raptou Sita, a mulher de Rama, figura central do épico hindu Ramayana.
Os Rakshas podiam assumir diversas formas, sendo a mais frequente a de cobra para assustarem e afugentarem os inimigos.
O teatro tradicional de máscaras no Sri Lanka pode dividir-se essencialmente em dois grupos: o Kolam, teatro popular para entretenimento da comunidade, e o Tovil – dança dos demónios – cuja forma de representação mais conhecida é a Sanni Yakkuma, do sul do país (sanni = doenças; yakka = demónio, plural Yakku).
Um dos pilares das crenças tradicionais cingalesas é a convicção de que as doenças são causadas, e consequentemente tratadas, por demónios.
Cada doença é atribuída a um demónio, com a sua identidade própria, representado por uma máscara específica.
O chefe dos demónios é frequentemente representado por uma máscaras na qual aparece ladeado pelas miniaturas dos outros 18 demónios. O nome atribuído ao chefe dos demónios não é perfeitamente claro, tendo sido encontradas designações como Maha Kola, Mahasona e Daha Ata Sannyia.
O ritual das danças Sanni Yakkuma, utilizadas para fins terapêuticos desenrola-se em três momentos principais: o especialista usando a máscara adequada invoca a presença do demónio para o local onde se encontra o doente, onde lhe são entregues as oferendas. De seguida, o especialista força o demónio a prometer que se afasta deixando o corpo do doente, após o que são educadamente mandados embora, o que acontece depois da execução de uma dança.
Terminadas as cerimónias, o doente recupera o equilíbrio e cura-se.
As máscaras Sanni Yakku  nem sempre são fáceis de distinguir, não só pelas suas semelhanças, como pelo facto de a sua descrição e designação variar; no entanto, existem algumas podem ser facilmente identificáveis, dada a sua forma e cor, como é o caso do demónio causadora da surdez que é representado por uma máscara com uma cobra a sair de um olho e tapando o local do ouvido, ou a de demónio responsável pelas dores de estômago e desarranjos intestinais, frequentemente representado pela cor verde e, por vezes, com uma língua parcialmente para fora.
Cada actor produz habitualmente as suas próprias máscaras e são verdadeiros profissionais, especialistas treinados em dança e música.
As máscaras são regra geral arrepiantes, de faces deformadas, olhos arregalados, protuberantes narizes e narinas dilatadas. São esculpidas para inspirar temor, receio e reconhecimento da presença dos seres demoníacos e sobrenaturais que povoam o mundo diário.
Na confecção dos diferentes tipos de máscaras usadas nos teatros tradicionais é geralmente utilizada uma árvore nativa a “Kaduru” ou sândalo, madeira leve, macia e fácil de esculpir.

O teatro Kolam
O Kolam é um dos mais antigos teatros populares da costa sul do Sri Lanka, hoje em dia muito difícil de observar, que não usa as máscaras para fins unicamente ritualistas. Trata-se sobretudo de um espectáculo para entretenimento público que inclui piadas, anedotas, episódios da história do país, bem como temas mitológicos. Uma variedade de máscaras, humanas, animais e demoníacas, são utilizadas.
Embora as representações do teatro Kolam se tenham afastado dos rituais iniciais, não parece haver dúvida de que na sua génese esteve também o quadro mental e espiritual cingalês, tornando-se uma dança-drama independente de elementos ritualistas, mas onde  as referências mitológicas estão sempre presentes – a presença do rei e da rainha, as danças raksha (dança das cobras)….
Os rakshas, habitantes originais da ilha, podiam assumir várias formas, num total aproximada de 24 na tradição Kolam, sendo, na sua representação, as máscaras mais utilizadas as Naga (cobra) Raksha, a Maru Raksha (demónio da morte) e a Gurulu, ou Garuda, rei dos pássaros.
O Kolam apresenta uma galeria de personagens, mais ou menos definidas, das quais fazem parte, o casal real, diferentes dignitários e funcionários – como o Mudliar, alto funcionário responsável pela administração da província e o Arachchi, chefe da aldeia, seu assistente –  soldados, aldeãos, animais e demónios.
As representações iniciam-se pela preparação do local e chegada do rei e da rainha que assistem ao desenrolar de toda a dança.
O teatro Kolam tem um repertório de histórias, dramas, que permitem a escolha e uma maior diversidade.
A representação pode desenrolar-se de acordo com um guião, sendo as personagens apresentadas pelo narrador ao som de tambores, numa ordem particular, podendo tratar-se de um prólogo sem relação directa com a história que se irá desenrolar.
Todos os actores deste teatro são homens. Os diálogos são curtos, uma vez que a fisionomia das máscaras, inteiras, não permite uma colocação e projecção de voz adequada.

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Beetha Sanniya – Surdo – Col. Francisco Capelo

País:
Sri-Lanka
Material de construção:
Madeira e pigmentos
Nr de inventário:
MMD1938

Dala Gara – Col. Francisco Capelo

País:
Sri-Lanka
Material de construção:
Madeira, pigmentos e resinas naturais
Nr de inventário:
MMD1946

Deva Sanniya – Col. Francisco Capelo

País:
Sri-Lanka
Material de construção:
Madeira e pigmentos
Nr de inventário:
MMD1944

Ginidal Raksha – Col. Francisco Capelo

País:
Sri-Lanka
Material de construção:
Madeira, pigmentos e resinas naturais
Nr de inventário:
MMD2333

Golu Sanniya – Mudo – Col. Francisco Capelo

País:
Sri-Lanka
Material de construção:
Madeira e pigmentos e resinas naturias
Nr de inventário:
MMD1937

Gurulu Raksha – Col. Francisco Capelo

País:
Sri-Lanka
Material de construção:
Madeira, pigmentos e resinas naturais
Nr de inventário:
MMD2334

Hiwala – Col. Francisco Capelo

País:
Sri-Lanka
Material de construção:
Madeira, pigmentos, resinas naturais e fio de algodão
Nr de inventário:
MMD1940

Keela – Col. Francisco Capelo

País:
Sri-Lanka
Material de construção:
Madeira e pigmentos
Nr de inventário:
MMD1947

Kendy Palia – Col. Francisco Capelo

País:
Sri-Lanka
Material de construção:
Madeira, pigmentos e fio de sizal
Nr de inventário:
MMD1936

Kola Sanniya II – Col. Francisco Capelo

País:
Sri-Lanka
Material de construção:
Madeira, pigmentos e resinas naturais
Nr de inventário:
MMD2339

Kola Sannyia I – Col. Francisco Capelo

País:
Sri-Lanka
Material de construção:
Madeira, pigmentos e resinas naturais
Nr de inventário:
MMD1948

Leão – Col. Francisco Capelo

País:
Sri-Lanka
Material de construção:
Madeira, pigmentos e resinas naturais
Nr de inventário:
MMD2337